A forma como a criança pega no lápis é, desde logo, o primeiro aspeto a ter em consideração quando se tenta trabalhar a escrita (Parush, Levanon-Erez, & Weintraub, 1998).
É esperado que, ao longo do seu percurso evolutivo, a criança siga uma progressão natural ao nível da preensão que executa, que vai desde usar uma preensão de mão fechada até a tríade funcional (polegar, indicador e 3º dedo para segurar o lápis).
Por esta razão, é extremamente importante deixar a criança experimentar diferentes formas de preensão à medida que vai desenvolvendo as suas capacidades motoras finas e ir respeitando a sua evolução mediante a sua idade (Alaniz, Galit, Necesito, & Rosario, 2015).
Os terapeutas ocupacionais, continuam sistematicamente à procura de soluções eficazes para um controlo eficiente do lápis, debruçando a sua intervenção sobre a potencialização de uma pega dinâmica (Schwellnus et al., 2012, 2013).
Este tipo de pega torna-se preferencial, por permitir um posicionamento da mão com um espaço em forma de arco palmar, isto é, um círculo feito pelo polegar e indicador, que permite a movimentação dos dedos mediante a necessidade ao longo do processo de escrita. Esta preensão possibilita uma escrita rápida, eficaz e com um bom controlo motor (Schwellnus et al., 2012).
Com a nossa Terapeuta Ocupacional a sua criança aprende e desenvolve uma pega funcional.
Existem algumas variações, sendo que as pegas podem ser consideradas como funcionais se incluírem os seguintes elementos: espaço em forma de arco palmar; lápis entre os três primeiros dedos e estabilidade do 4º e 5º dedos (Ghali, Thalanki Anantha, Chan, & Chau, 2013).
Por outro lado, outras preensões são vistas como ineficientes porque a criança acaba por compensar a falta de estabilidade ou ter que fazer demasiada força de preensão, o que leva a cansaço, dores, limitação na velocidade de escrita, falta de mobilidade nos 3 primeiros dedos, complicações nas articulações e/ou mesmo adequação de posturas desadequadas (Ghali et al., 2013).
Identifique qual a pega da sua criança.
Veja como a sua criança pega no lápis e preste atenção aos seguintes aspetos:
- Localização do lápis na mão enquanto a criança o segura. Se está próximo ou distal da folha e, consequentemente, fora do espaço em forma de arco palmar.
- O lápis não se deve mover durante a escrita para diferentes posições ao longo do espaço em forma de arco palmar.
- Verificar onde a criança posiciona os dedos ao longo do lápis. A pega deve ser feita aproximadamente a 2 cm da ponta.
- A criança deve ainda ter o pulso ligeiramente estendido enquanto escreve. É bastante comum crianças esquerdinas arquearem o pulso, mas também pode ser observável em crianças destras.
Em conclusão, podemos aferir que, não existe apenas uma forma de pegar no lápis, existindo diferentes variações, no entanto umas mais funcionais que outras.
É necessário ter em atenção os pontos acima referidos e garantir a satisfação da criança pela tarefa que está a desempenhar. Cada ser é único e por isso mesmo, temos de saber corresponder às suas necessidades, inclusive na escrita.
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Referências Bibliográficas:
- Alaniz, M. L., Galit, E., Necesito, C. I., & Rosario, E. R. (2015). Hand Strength, Handwriting, and Functional Skills in Children With Autism. Am J Occup Ther, 69(4).
- Ghali, B., Thalanki Anantha, N., Chan, J., & Chau, T. (2013). Variability of Grip Kinetics during Adult Signature Writing. In PLoS One (Vol. 8).
- Parush, S., Levanon-Erez, N., & Weintraub, N. (1998). Ergonomic factors influencing handwriting performance. Work, 11(3), 295-305.
- Schwellnus, H., Carnahan, H., Kushki, A., Polatajko, H., Missiuna, C., & Chau, T. (2012). Effect of pencil grasp on the speed and legibility of handwriting in children. Am J Occup Ther, 66(6), 718-726.
- Schwellnus, H., Carnahan, H., Kushki, A., Polatajko, H., Missiuna, C., & Chau, T. (2013). Writing Forces Associated With Four Pencil Grasp Patterns in Grade 4 Children. In Am J Occup Ther (Vol. 67, pp. 218-227).