A atividade normal do sistema nervoso assenta num equilíbrio perfeito de sinais elétricos e químicos; qualquer alteração nesse equilíbrio, que pode ser de origem genética, química, física ou emocional, manifestar-se-á através de padrões disfuncionais cognitivos, motores/sensoriais, comportamentais e/ou emocionais.

A neuromodulação é a ciência que se dedica aos mecanismos de intervenções elétricas, químicas e mecânicas que comandam o sistema nervoso e permitem, através de estratégias de inibição, estimulação, modificação ou regulação, melhorar a performance funcional do indivíduo. As terapias de neuromodulação permitem o acesso a agentes modificadores (neuromoduladores) – por exemplo, sinais elétricos, visuais, químicos ou físicos – em áreas específicas do sistema nervoso, a fim de otimizar a sua função. A neuromodulação é inócua, reversível e ajustável.

O Neurofeedback é uma forma de biofeedback que permite treinar ou mesmo corrigir padrões de atividade elétrica do cérebro, registada no couro cabeludo através de elétrodos conectados a um sistema de eletroencefalografia. A atividade elétrica é visualizada através de um monitor, é processada por um filtro de análise e representada em gráficos, sons ou animações que permitem a sua utilização para fins terapêuticos.

O Neurofeedback, sendo um procedimento que apenas recebe informação elétrica cerebral e a devolve sob a forma de uma imagem ou som, é um tratamento não invasivo, inócuo e sem efeitos secundários.

No caso particular do Neurofeedback, o cérebro aprende a autorregular-se a si próprio; baseado no treino condicional, modula as conexões cerebrais de forma a torná-las mais eficientes e duradouras. Por sua vez, promove um comportamento mais ajustado e funcional à situação que o indivíduo está a vivenciar.

O feedback e o reforço (neste caso em forma de pista visual, auditiva ou táctil) permitem a manutenção das alterações. Paralelamente, o Neurofeedback potencia a Neurogénese (o processo pelo qual são formados novos neurónios), o aperfeiçoar de novas vias de comunicação entre as várias regiões do Sistema Nervoso Central e o aumento da eficácia da mensagem que é transmitida entre as células cerebrais.

O Neurofeedback tem múltiplas aplicações clínicas e de alto rendimento (treino Peak Performance), nomeadamente:

  • quadros de Atenção e Impulsividade de comportamento (incluindo Perturbações do Comportamento Alimentar e Aditivo);
  • Défices de Aprendizagem;
  • Distúrbios Afetivos (Depressão, Ansiedade, Ataques de Pânico, Quadros Obsessivo-Compulsivos);
  • Perturbações do Desenvolvimento (Espectro do Autismo);
  • Trauma Cefálico e Insónia;
  • na perspetiva de melhoria de performance cognitiva, o Treino de Peak Performance é aplicado em indivíduos que ambicionam eficácia e eficiência das suas competências e foco da atenção em contextos de stress, competição ou cumprimento de metas/resultados.

Um protocolo de Neurofeedback requer treino por condicionamento que assenta no processo de repetição de padrões de resposta (com aprendizagem no tempo).

De acordo com as guidelines internacionais e respetiva base científica, os protocolos são desenhados para duas fases, com 20 sessões cada uma; é expectável que no final das primeiras 20 sessões já possam ser percetíveis alterações ao nível dos padrões eletrofisiológicos que posteriormente serão “afinadas” na segunda fase do protocolo.

Para potenciar os resultados obtidos no tratamento por Neurofeedback, é aconselhável que o paciente possa beneficiar, paralelamente, de um programa de estimulação cognitiva e/ou psicoterapia (dependendo do quadro em questão).

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Autora: Dra. Gisela Teixeira, Neuropsicóloga

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